Opinião

Fusca, paixão e literatura

Por Eduardo Ritter

Por Eduardo Ritter
Professor do Centro de Letras e Comunicação da UFPel
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Para a nossa sorte existe a literatura e pessoas com histórias fantásticas que escrevem bem. Caso contrário, muita história boa e vidas inspiradoras ficariam perdidas por aí. Temos aqueles casos em que pessoas que escrevem bem se valem de histórias inspiradoras de outros para construir grandes peças literárias (como nas biografias, de autores como Ruy Castro, Mário Magalhães e Fernando Morais) e outros em que pessoas que viveram histórias do cacete compartilharam tudo através das letras, como Jack Kerouac, Hunter Thompson, Dodô Azevedo e o gaúcho e pelotense de coração Nauro Júnior. Pois é desse último que vou falar hoje.

Conhecia o trabalho fotográfico do Nauro na Zero Hora e, principalmente, pelo livro A noite que não acabou, sobre o acidente do Xavante de 2009. No entanto, graças ao meu colega Carlos André Domingues, mais conhecido por Cadré, tive a oportunidade de assistir a duas palestras do Nauro ministradas aos estudantes de Jornalismo da UFPel nas últimas semanas sobre o livro que ele estará lançando na tarde do feriado do dia 2 de novembro, no Shopping Pelotas. Trata-se de A vida cabe em um Fusca, em que o autor conta sobre as viagens feitas no Fusquinha 68 (ou seria 69? Agora não lembro mais...) por 17 países da América e outra para a Rússia para acompanhar a Copa de 2018 e, pelo que ele falou, também sobre muitas outras histórias mais.

Diversos dos acontecimentos fantásticos narrados por ele nas palestras estão no livro, que estou ansioso para comprar e ler, mas não vou dar spoiler, afinal, nem eu li o livro ainda. Assim, o que quero compartilhar com o leitor é a paixão de Nauro, não só pelo Fusquinha, pelas viagens espetaculares, pelas histórias inacreditáveis (que mesclam drama e hilaridade), pela esposa e filha, por Pelotas e tudo o mais, mas também por algo que engloba tudo isso que ele fala e que transmite aos outros com uma energia contagiante e emocionante: a vida. Nauro é um apaixonado pela vida. Você sente isso na fala dele, no tom de voz, no olho brilhando e se enchendo de lágrimas dependendo da história, na empolgação ao falar sobre os próximos projetos, no trato com os outros, na humildade, mesmo já sendo uma estrela para muitos que embarcaram de carona nesse mundo mágico de viajar pelo mundo de Fusca. E, tenho certeza, tudo isso também pode ser percebido pelo texto dele.

No entanto, ouvindo Nauro falar, já antecipo alguns dos ensinamentos que devem estar nas entrelinhas do livro. Primeiro: cada um tem seu próprio Fusca. Não fisicamente falando, é claro. Afinal, como o Nauro disse: não comprem um Fusca, é uma bosta! Mas, sim, no sentido de sonho. A palavra Fusca, inclusive, pode ser substituída por sonho. Segundo, busque a sua verdade e corra trás dela. Nada é impossível. A biografia do Nauro é uma prova disso. E terceiro: viva a vida ao máximo. Para isso não é preciso comprar um Fusca e cruzar continentes. Cada um tem a sua maneira de curtir a vida e entender isso é o primeiro passo. Hunter Thompson, por exemplo, odiava imitadores. E, pelo que entendi, o Nauro adora ser uma inspiração, mas isso não quer dizer que ele queira um monte de gente querendo imitar ele comprando Fuscas azuis para viajar por aí. Creio que ler a história dele através do livro e se inspirar nela para correr atrás do próprio sonho é o cerne da questão.

Ou, talvez, eu não entendi nada e estou falando um monte de abobrinha aqui. Enfim, tirem essa dúvida no lançamento no dia 2 no Shopping Pelotas. Eu vou estar presente. Nos vemos lá.


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